Um composto capaz de diminuir a dor crônica poderá melhorar as condições de vida de milhões de pessoas em todo o mundo. A nova substância - batizada de NB001 - é descrita em um trabalho publicado na última edição da Science Translational Medicine. Há poucos analgésicos no mercado voltados especificamente para a dor crônica. Quase todos atuam sobre a dor aguda.
Uma pesquisa divulgada no ano passado apontou que cerca de 29% dos habitantes de São Paulo sofrem com dor crônica. Calcula-se que, nos Estados Unidos, 65 milhões de pessoas também enfrentam o mal. Especialistas explicam que o processo neurofisiológico da dor crônica é diferente dos mecanismos que provocam o tipo agudo.
De um modo geral, quando o estímulo doloroso cessa, a dor aguda desaparece. Ela desempenha, assim, um importante papel: faz com que a pessoa proteja o órgão ou o tecido afetado e informa o corpo que há algo errado.
A dor crônica, no entanto, permanece quando o estímulo já desapareceu, como uma memória persistente - e incômoda - do evento que causou a dor. Ao contrário da forma aguda, não traz benefícios. Só sofrimento.
Estudos anteriores haviam comprovado as diferenças bioquímicas entre os dois processos, e cientistas procuravam um modo de interferir apenas na dor crônica. Descobriram então a enzima AC1, que comprovadamente participa da gênese da dor crônica em uma região do cérebro conhecida como córtex cingulado anterior. O próximo passo foi a busca de uma substância capaz de inibir a ação da AC1. Cientistas do Canadá chegaram a vários compostos. O mais eficaz foi o NB001, testado em colônias de células neuronais e em camundongos com dor crônica.
Em entrevista ao Estado, Min Zhuo, professor da Universidade de Toronto, afirmou que pretende iniciar os testes em humanos em cinco anos. Mas, para isso, precisa estabelecer parcerias com indústrias farmacêuticas.
A Science Translational Medicine também publicou uma análise crítica sobre a descoberta. Assinam dois pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco. Eles questionam se o NB001 não inibiria o funcionamento da enzima AC1 no hipocampo, prejudicando processos como a memorização. Ao Estado, Zhuo argumentou que, nos testes realizados com animais, não houve nenhum impacto na memória dos camundongos.
O problema
A dor crônica faz com que muitas pessoas permaneçam inativas, evitando exercícios físicos e o convívio social. O neurocirurgião Manoel Jacobsen Teixeira, da USP, destaca que é preciso lutar contra essa tendência. “Senão, forma-se um ciclo vicioso. A dor gera inatividade, e a inatividade prolonga a dor”, afirma Teixeira. “A pessoa precisa sair e praticar exercícios: isso alivia a dor crônica.”
A anestesiologista Fabiola Minson, diretora da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), também aponta a conveniência de procurar um médico especialista em dor. O aposentado Sérgio Casarini, de 64 anos, passou por três profissionais de diferentes especialidades e reclamou da dor que sentia na planta dos pés, fruto de uma neuropatia causada pela diabete.
O problema só foi resolvido quando chegou a um quarto médico, especializado no alívio da dor. “Ia à praia e não conseguia pisar na areia, de tanta dor. Ficava com os pés levantados”, conta. “No mês passado, com o tratamento adequado, voltei à areia."
Fonte: O Estado de S. Paulo
Uma pesquisa divulgada no ano passado apontou que cerca de 29% dos habitantes de São Paulo sofrem com dor crônica. Calcula-se que, nos Estados Unidos, 65 milhões de pessoas também enfrentam o mal. Especialistas explicam que o processo neurofisiológico da dor crônica é diferente dos mecanismos que provocam o tipo agudo.
De um modo geral, quando o estímulo doloroso cessa, a dor aguda desaparece. Ela desempenha, assim, um importante papel: faz com que a pessoa proteja o órgão ou o tecido afetado e informa o corpo que há algo errado.
A dor crônica, no entanto, permanece quando o estímulo já desapareceu, como uma memória persistente - e incômoda - do evento que causou a dor. Ao contrário da forma aguda, não traz benefícios. Só sofrimento.
Estudos anteriores haviam comprovado as diferenças bioquímicas entre os dois processos, e cientistas procuravam um modo de interferir apenas na dor crônica. Descobriram então a enzima AC1, que comprovadamente participa da gênese da dor crônica em uma região do cérebro conhecida como córtex cingulado anterior. O próximo passo foi a busca de uma substância capaz de inibir a ação da AC1. Cientistas do Canadá chegaram a vários compostos. O mais eficaz foi o NB001, testado em colônias de células neuronais e em camundongos com dor crônica.
Em entrevista ao Estado, Min Zhuo, professor da Universidade de Toronto, afirmou que pretende iniciar os testes em humanos em cinco anos. Mas, para isso, precisa estabelecer parcerias com indústrias farmacêuticas.
A Science Translational Medicine também publicou uma análise crítica sobre a descoberta. Assinam dois pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco. Eles questionam se o NB001 não inibiria o funcionamento da enzima AC1 no hipocampo, prejudicando processos como a memorização. Ao Estado, Zhuo argumentou que, nos testes realizados com animais, não houve nenhum impacto na memória dos camundongos.
O problema
A dor crônica faz com que muitas pessoas permaneçam inativas, evitando exercícios físicos e o convívio social. O neurocirurgião Manoel Jacobsen Teixeira, da USP, destaca que é preciso lutar contra essa tendência. “Senão, forma-se um ciclo vicioso. A dor gera inatividade, e a inatividade prolonga a dor”, afirma Teixeira. “A pessoa precisa sair e praticar exercícios: isso alivia a dor crônica.”
A anestesiologista Fabiola Minson, diretora da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), também aponta a conveniência de procurar um médico especialista em dor. O aposentado Sérgio Casarini, de 64 anos, passou por três profissionais de diferentes especialidades e reclamou da dor que sentia na planta dos pés, fruto de uma neuropatia causada pela diabete.
O problema só foi resolvido quando chegou a um quarto médico, especializado no alívio da dor. “Ia à praia e não conseguia pisar na areia, de tanta dor. Ficava com os pés levantados”, conta. “No mês passado, com o tratamento adequado, voltei à areia."
0 comentários:
Postar um comentário