A descoberta de uma nova abordagem para as pesquisas genéticas envolvendo doenças periodontais rendeu a um grupo de cientistas liderado pelo professor Gustavo Pompermaier Garlet, da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP, o “Prêmio de Impacto Clínico” outorgado pela Academia Americana de Periodontia (AAP). Por meio desta nova abordagem, o grupo descobriu cinco genes associados a uma maior suscetibilidade para a ocorrência da periondontite, e um gene que confere uma resistência maior para o desenvolvimento da doença.
A periodontite é caracterizada por uma inflamação na gengiva (gengivite). Esta inflamação pode evoluir e se tornar crônica, levando à destruição dos tecidos de suporte dos dentes (parte da gengiva, do ligamento periodontal – que liga o osso ao dente – e do osso alveolar). Esse quadro (periodontite) pode levar à mobilidade dentária e, em estágio avançado, ocasiona a perda total dos dentes, além de se mostrar associado a algumas alterações sistêmicas, como diabetes e problemas do sistema cardiovascular.
O professor Garlet explica que, algumas pessoas sem medidas de higiene bucal adequadas desenvolvem gengivite, mas a doença nunca evolui para o estágio mais grave, a periodontite. “Uma pessoa com higiene bucal adequada não terá a doença. Mas quando a higiene bucal é inadequada, a incidência e a severidade da periodontite podem ser variar sob influência da predisposição genética”, esclarece.
Garlet explica que outros cientistas já haviam tentado associar a doença com aspectos genéticos, mas os resultados eram sempre negativos ou inconsistentes. Isso acontecia porque as pesquisas sobre periodontite costumavam utilizar dois grandes grupos: pessoas com e sem a doença. Na comparação genética entre esses grupos, os resultados apontavam que os genes não tinham nenhuma ou pouca influência no desenvolvimento da doença, ou ainda não ofereciam base para se obter uma resposta precisa. Esses pesquisadores não levavam em conta a existência de pessoas com gengivite crônica que nunca desenvolviam periodontite e não associaram esse fato a um possível gene que representasse um fator protetor contra a doença.
Gengivite x periodontite
A abordagem inovadora do grupo liderado por Garlet consistiu em analisar três grupos: o primeiro era formado por pacientes com gengivite; no segundo, foram incluídas pessoas com periodontite. O terceiro grupo (controle) – assim como nos estudos realizados anteriormente por outros pesquisadores -, era formado por pessoas com e sem gengivite ou periodontite, e que, na verdade, representam uma mistura das duas populações representadas nos outros grupos. Cada grupo tinha cerca de 200 pessoas, totalizando aproximadamente 600 participantes, sendo todos do estado de São Paulo.
Os pesquisadores coletaram a saliva dos participantes, realizaram extração do DNA e analisaram o material pela técnica PCR Real Time, que descrimina quais são as variantes genéticas presentes em cada amostra.
A seleção dos participantes começou em Ribeirão Preto, em 2001, durante o mestrado do professor Garlet, junto a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Esta coleta teve continuidade durante o seu doutorado e pós-doutorado ainda na FMRP, e depois de sua contratação como docente junto à FOB. Finalmente, em um estágio de pós-doutorado na Universidade de Pittsburgh, o professor Garlet aprimorou seu conhecimento nos aspectos genéticos necessários para a conclusão do estudo, finalizado em 2010, na FOB.
“Com esta nova abordagem conseguimos identificar alguns genes como fatores de risco significantes para a proteção ou susceptibilidade à doença”, aponta Garlet. Segundo ele, do ponto de vista técnico, o avanço apresentado pelas pesquisas do grupo não é tão grande; mas a abordagem inovadora e a sua potencial aplicação a novos estudos na área sim.
Prêmio
O prêmio foi concedido durante o 96º Encontro Anual da Academia Americana de Periodontia (AAP), realizado no Centro de Convenções do Hawaii, em Honolulu, nos Estados Unidos, no período de 30 de outubro a 2 de novembro de 2010.
Também participaram do estudo os pesquisadores Ana Paula Campanelli, professora associada da FOB; Ana Paula Favaro Trombone, do Instituto Lauro de Souza Lima (bolsa JP-FAPESP); Cristina Ribeiro Cardoso, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP; João Santana Silva, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP; Walter Martins Jr, da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP); além de Ariadne Letra, Renato Menezes e Alexandre Vieira, da Universidade de Pittsburgh.
Fonte: Agência USP
A periodontite é caracterizada por uma inflamação na gengiva (gengivite). Esta inflamação pode evoluir e se tornar crônica, levando à destruição dos tecidos de suporte dos dentes (parte da gengiva, do ligamento periodontal – que liga o osso ao dente – e do osso alveolar). Esse quadro (periodontite) pode levar à mobilidade dentária e, em estágio avançado, ocasiona a perda total dos dentes, além de se mostrar associado a algumas alterações sistêmicas, como diabetes e problemas do sistema cardiovascular.
O professor Garlet explica que, algumas pessoas sem medidas de higiene bucal adequadas desenvolvem gengivite, mas a doença nunca evolui para o estágio mais grave, a periodontite. “Uma pessoa com higiene bucal adequada não terá a doença. Mas quando a higiene bucal é inadequada, a incidência e a severidade da periodontite podem ser variar sob influência da predisposição genética”, esclarece.
Garlet explica que outros cientistas já haviam tentado associar a doença com aspectos genéticos, mas os resultados eram sempre negativos ou inconsistentes. Isso acontecia porque as pesquisas sobre periodontite costumavam utilizar dois grandes grupos: pessoas com e sem a doença. Na comparação genética entre esses grupos, os resultados apontavam que os genes não tinham nenhuma ou pouca influência no desenvolvimento da doença, ou ainda não ofereciam base para se obter uma resposta precisa. Esses pesquisadores não levavam em conta a existência de pessoas com gengivite crônica que nunca desenvolviam periodontite e não associaram esse fato a um possível gene que representasse um fator protetor contra a doença.
Gengivite x periodontite
A abordagem inovadora do grupo liderado por Garlet consistiu em analisar três grupos: o primeiro era formado por pacientes com gengivite; no segundo, foram incluídas pessoas com periodontite. O terceiro grupo (controle) – assim como nos estudos realizados anteriormente por outros pesquisadores -, era formado por pessoas com e sem gengivite ou periodontite, e que, na verdade, representam uma mistura das duas populações representadas nos outros grupos. Cada grupo tinha cerca de 200 pessoas, totalizando aproximadamente 600 participantes, sendo todos do estado de São Paulo.
Os pesquisadores coletaram a saliva dos participantes, realizaram extração do DNA e analisaram o material pela técnica PCR Real Time, que descrimina quais são as variantes genéticas presentes em cada amostra.
A seleção dos participantes começou em Ribeirão Preto, em 2001, durante o mestrado do professor Garlet, junto a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Esta coleta teve continuidade durante o seu doutorado e pós-doutorado ainda na FMRP, e depois de sua contratação como docente junto à FOB. Finalmente, em um estágio de pós-doutorado na Universidade de Pittsburgh, o professor Garlet aprimorou seu conhecimento nos aspectos genéticos necessários para a conclusão do estudo, finalizado em 2010, na FOB.
“Com esta nova abordagem conseguimos identificar alguns genes como fatores de risco significantes para a proteção ou susceptibilidade à doença”, aponta Garlet. Segundo ele, do ponto de vista técnico, o avanço apresentado pelas pesquisas do grupo não é tão grande; mas a abordagem inovadora e a sua potencial aplicação a novos estudos na área sim.
Prêmio
O prêmio foi concedido durante o 96º Encontro Anual da Academia Americana de Periodontia (AAP), realizado no Centro de Convenções do Hawaii, em Honolulu, nos Estados Unidos, no período de 30 de outubro a 2 de novembro de 2010.
Também participaram do estudo os pesquisadores Ana Paula Campanelli, professora associada da FOB; Ana Paula Favaro Trombone, do Instituto Lauro de Souza Lima (bolsa JP-FAPESP); Cristina Ribeiro Cardoso, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP; João Santana Silva, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP; Walter Martins Jr, da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP); além de Ariadne Letra, Renato Menezes e Alexandre Vieira, da Universidade de Pittsburgh.
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