sexta-feira, 24 de junho de 2011

Medição de dentes superiores auxilia na identificação de ossadas

Estimar a estatura humana a partir da medição de dentes superiores em ossadas já é possível com estudo conduzido na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP), pela cirurgiã-dentista Laíse Nascimento Correia Lima. Na verdade, Laíse testou um novo denominador no índice de Carrea, recurso já utilizado para este fim com eficiência, só que como base é feito a partir das medidas da arcada dentária inferior, cujas características são diferenciadas.
“Em casos nos quais a mandíbula é acometida por um trauma, uma patologia ou outras situações, o uso da técnica torna-se inviável. Por isso, a iniciativa de se ampliar a utilização do índice de Carrea no intuito de aumentar as chances de identificação de ossadas quando apenas o crânio é encontrado, pois toda e qualquer informação extraída é de fundamental importância para a resolução do caso”, explica a cirurgiã-dentista, cuja orientação do trabalho foi do professor Eduardo Daruge Junior.
A cirurgiã-dentista destaca que existem inúmeros métodos para estimar a estatura por meio dos ossos longos, mas a grande maioria é antiga, sem contar que não há dados nacionais. A inovação do trabalho está justamente em tentar mensurar a estatura por meio dos dentes. “Trata-se de um assunto inovador e pouquíssimo estudado e referenciado”, argumenta.
Os testes foram feitos em 378 modelos de gesso, com idades entre 18 e 30 anos. Dos modelos analisados, 189 eram correspondentes a elementos dentários superiores e, outros 189 aos inferiores, todos eles pertencentes aos alunos do curso de Odontologia da Universidade Federal da Paraíba.
Um novo denominador para o índice Carrea foi descoberto depois da cirurgiã estimar a estatura dos modelos a partir da mensuração dos incisivos central, lateral e canino dos arcos tanto superior, como inferior. A partir daí, foram muitas fórmulas matemáticas até se conseguir um denominador apropriado que permitisse chegar aos valores de referência adequados às medidas dos dentes superiores. Os valores obtidos com o novo índice foram comparados à estatura real previamente mensurada.
Segundo Laíse, os números de acertos foram satisfatórios, ainda que seja necessário realizar outros estudos na área. De qualquer modo, ela acredita ser um importante subsídio de estudo para a odontologia legal, pois existem inúmeras ossadas nos diversos IMLs do país que não são identificadas. “É necessário extrair dessas ossadas todas as informações possíveis para reconstruir o perfil biológico do indivíduo em questão e assim poder prosseguir com trâmites legais da documentação pós-morte”, relata.
A pesquisadora lembra que devido à falta de infraestrutura do sistema pericial brasileiro há uma demanda para que se realizem técnicas mais simples e de baixo custo, mas que sejam precisas. Um próximo passo do estudo, explica Laíse, será encontrar uma fórmula diferenciada para os diferentes tipos de arcos dentais – normais, apinhados e com diastema –, modelos que estão presentes na população de forma geral, mas que possuem medidas específicas para cada tipo.
Foram feitos testes em 378 modelos de gesso por Laise Nascimento C. Lima, autora do trabalho.
Fonte: Jornal da Unicamp 

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