domingo, 9 de janeiro de 2011

Novo método visa tratar melanoma de forma menos agressiva

Uma nova formulação química adaptada à terapia fotodinâmica foi criada para tratar, de forma menos agressiva, o melanoma maligno – tipo de câncer de pele com pior prognóstico, devido à sua elevada probabilidade de causar metástases.
A formulação desenvolvida pela pesquisadora Paula Aboud Barbugli, ex-aluna da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCFRP) de Ribeirão Preto da USP, sob a orientação do professor Antonio Claudio Tedesco, visa combater a doença sem causar grandes efeitos colaterais e prejuízos estéticos. Esta formulação começou a ser desenvolvida em 2007, no Laboratório de Fotobiologia e Fotomedicina da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, durante o mestrado de Paula e foi apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Atualmente, existem poucos tratamentos efetivos para o tratamento do melanoma. Os pacientes com este tipo de câncer, normalmente, são submetidos à tratamentos cirúrgicos associados à radioterapia e quimioterapia. Com a evolução da doença e o surgimento de metástases a probabilidade de cura e remissão da doença são muito remotas.
Terapia Fotodinâmica
As pesquisas de Paula revelam resultados positivos na eliminação das células de melanoma maligno após o tratamento de Terapia Fotodinâmica (FTD). O estudo trabalhou na criação de uma formulação com o fármaco Ftalocianina de Cloroalumínio capaz de induzir a morte de células malignas em mais de 90% após a irradiação com laser em comprimento de onda específico.
“A terapia fotodinâmica é uma modalidade terapêutica seletiva e não invasiva, que age diretamente sobre a pele do paciente. O fármaco é administrado e após algumas horas ocorre a irradiação com luz laser somente no local do tumor. Esta técnica já vem demonstrando excelentes resultados clínicos no tratamento de tumores de pele do tipo não melanoma, agora, comprovamos que a terapia também é capaz de surtir efeito em células de melanoma em fase avançada de progressão da doença”, afirma a pesquisadora.
Segundo Paula, a ftalocianina foi “encapsulada em lipossomas”, o que permite sua administração em condições fisiológicas. Ou seja, apto para a aplicação em pacientes tanto por via endovenosa (injetada em veias) como por uso tópico (colocando os lipossomas em um gel para aplicá-lo sobre a pele).
Aplicação
Testes in vitro, realizados na primeira fase da pesquisa, com diferentes modelos celulares (do tipo célula padrão e do tipo tridimensionais, desenvolvidos a partir de uma matriz de colágeno e fibroblastos) com diferentes fases de progressão do melanoma demonstraram resultados positivos em relação ao tratamento.
“O próximo passo, é buscar parcerias para realizar estudos pré-clínicos e clínicos que viabilizem a implementação da técnica”, relata a pesquisadora, que ressalta, “estudos in vivo em animais possuem boas perspectivas de resposta ao tratamento do melanoma humano, com possibilidades de futuras aplicações clínicas.”
Caso o método obtenha respostas positivas em estudos in vivo, o fármaco poderá ser aplicado em gel sobre a pele e irradiado por um laser. “Será uma terapia localizada que não causará nenhum efeito colateral, como a radioterapia e a quimioterapia, e nenhum prejuízo estético oriundo de cirurgias”, avisa Paula.
Fonte: Agência USP

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