Já a transmissão por via sexual ou pela gestante ao seu bebê é desprovida de relevância, ressaltou durante a entrevista ao Terra o médico Evaldo Stanislau Affonso de Araújo, professor-doutor da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas de São Paulo. "Dessa forma, o convívio social e mesmo sexual, deve ser feito de forma a evitar a discriminação e o preservativo é uma opção do casal, não uma obrigatoriedade. Na gravidez o risco de transmissão ao bebe é mínimo, tanto pelo parto quanto pelo aleitamento. A recomendação é evitar a gravidez durante o tratamento ou seis meses após o término. A única situação em que o risco aumenta é quando a gestante também é portadora de HIV."
Um dos grandes problemas da doença é que o vírus só foi descoberto em 1989, e os testes para sua detecção só se tornaram obrigatórios no Brasil a partir do início dos anos 90. "Todos que receberam transfusão de sangue ou derivados por essa época podem estar infectados", afirmou o médico. Segundo ele, conhecendo como a infecção é contraída, controlando-se o sangue - através de exames - e educando as pessoas para reduzir o risco de contágio, é possível ter uma redução de novos casos.
De cada 100 infectados, estima-se que seis ou sete vão progredir para a necessidade de um transplante de fígado ou vão morrer por complicações hepáticas. "Isso significa dizer que a cada 100 pessoas com a doença, 94 delas terão uma vida plena, quase sem problemas. Para grande parte dos pacientes, a melhor conduta será o monitoramento da infecção sem a necessidade de medicamentos, assim a vida será praticamente normal", comentou.
Sintomas
A doença é na maioria dos casos assintomática, mesmo quando em fases avançadas. Eventualmente sintomas inespecíficos, como cansaço, podem ocorrer, mas definitivamente aquela imagem estereotipada do olho amarelo, urina escura, é folclórica e não é a regra. O diagnóstico depende da realização de exames de sangue, inicialmente sorologia (que pode ser feita até por um teste de ponta de dedo - parecido com o exame para avaliar a glicemia), e depois, confirmatórios (através da Biologia Molecular), os "populares" PCRs - uma sigla do inglês para Reação em Cadeia da Polimerase.
Consequências
A hepatite C pode causar outras doenças, 25% dos cronicamente enfermos podem desenvolver cirrose e desses, outros 25% poderão desenvolver cirrose descompensada ou câncer de fígado. Nesse caso o transplante de fígado é indicado. Existem ainda manifestações extra-hepáticas que podem se externar por alterações renais, cutâneas, articulares ou neurológicas. Outra alteração relativamente comum é a redução da contagem de plaquetas, um indicativo de cirrose hepática.
Tratamento
A terapia se divide em não-medicamentosa e medicamentosa. Todo paciente com hepatite C deve evitar agredir ainda mais o seu fígado. Dessa forma, álcool é extremamente proibido. Um estilo de vida saudável é recomendável, com peso saudável, controle de diabetes (glicemia) e da resistência a insulina, fatores que hoje contribuem para maior agressão hepática e que diminuem a resposta ao tratamento. O tratamento é longo, podendo variar de 12 a 72 semanas.
Prevenção
As vacinas ainda estão sendo pesquisadas, tanto para prevenção quanto para o tratamento. A prevenção, portanto, passa pela não exposição a comportamentos de risco e políticas de fiscalização sanitária rigorosa. Pequenas atitudes, como a utilização de um instrumental de manicure próprio e a escolha de profissionais que sejam rigorosos no cumprimento de regras sanitárias, podem fazer muita diferença.
Fonte: Redação Terra


















0 comentários:
Postar um comentário