Pesquisa divulgada nesta quinta-feira (15) na Faculdade de Odontologia (FO) da USP aponta que o Brasil possui 219.575 cirurgiões-dentistas. Em média, um para cada 838 habitantes, uma das menores proporções em todo o mundo. Porém, cerca de três quartos se concentram nas regiões Sul e Sudeste do País, o que leva a grandes distorções no atendimento à população. As conclusões fazem parte do estudo “Perfil Atual e Tendências do Cirurgião-Dentista Brasileiro”, que será publicado em livro no próximo mês de janeiro.Iniciado em agosto de 2008, o projeto levantou informações existentes em diversas fontes isoladas, como o Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Odontologia (CFO), para formar um banco de dados sobre a profissão no Brasil. Os resultados preliminares mostraram que 56% dos dentistas no Brasil são mulheres, e um quarto tem menos de 30 anos de idade. Apesar de os cirurgiões dentistas brasileiros representarem cerca de 20% dos profissionais em atividade no mundo, o estudo apontou que sua distribuição no território nacional é extremamente desigual.
“Mesmo com o grande contingente de profissionais, a grande maioria se concentra nas regiões de maior renda”, alertou Maria Ercília de Araújo, professora da FO e coordenadora do Observatório de Recursos Humanos Odontológicos (OBSERVARHODONTO), uma das entidades promotoras da pesquisa. “Somente o estado de São Paulo abriga um terço do total de cirurgiões-dentistas”.
Entre os municípios, há cidades com um dentista para cada 171 habitantes, enquanto outras possuem apenas um profissional para atender 65 mil habitantes. Cerca de 86% dos dentistas se registram no próprio Estado em que se formaram, enquanto a migração entre Estados é de 12%. “Acre, Amapá e Rondônia são considerados receptores de profissionais”, explicou a pesquisadora Maria Celeste Morita, responsável pelo trabalho. “Os resultados reforçam a necessidade de melhorar a distribuição de profissionais no interior do País”.
Apesar de 140.000 dentistas se declararem autônomos, cerca de 70.000 estão no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (DATASUS). O estudo indicou que o emprego no serviço público está em expansão, com o número de equipes de saúde bucal do Programa de Saúde da Família passando de 6.170, em 2003, para 18.842, em 2008.
“As informações são importantes para avaliar e ajustar as políticas públicas do setor e a formação dos profissionais”, destacou Ana Estela Haddad, diretora do Departamento de Gestão da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, que participou do trabalho. “Cerca de 55% dos dentistas possuem menos de 40 anos de idade, o que abre oportunidades para ampliar sua especialização”. Existem 197 cursos de Graduação em Odontologia, 52% na região Sudeste. Os dentistas que possuem especialização somam 53.679.
Os dados da pesquisa serão reunidos em um livro, que deverá ser publicado em janeiro de 2010. “A idéia é que esses dados sirvam como base para outras linhas de pesquisa”, salientou Maria Ercília, “para entender a força de trabalho em Odontologia e questões relativas à sua formação, migração e fixação, de modo a que possam ser atendidas as necessidades da população”.
A pesquisa foi promovida pelo OBSERVARHODONTO, Departamento de Gestão da Educação na Saúde, do Ministério da Saúde, e pela Organização Pan Americana de Saúde (Opas). O Oboservatório, criado em 2006, integra a Rede Observatório de Recursos Humanos em Saúde do Brasil (RORRHS), mantida pelo Ministério em parceria com a Opas e a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Participaram do estudo a Coordenação de Saúde Bucal do Ministério da Saúde, a representação da área de Odontologia na Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), além da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD), Associação Brasileira de Ensino Odontológico (ABENO), Associação Brasileira de Odontologia (ABO Nacional), Conselho Federal de Odontologia (CFO).
Fonte: Agência USP


















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