domingo, 27 de setembro de 2009

O vôo do mercado odontológico

Há motivos para otimismo quando se trata dos mercados brasileiros de equipamentos e materiais odontológicos e de produtos de higiene bucal. De forma geral, o setor vem crescendo, apresenta bons resultados em relação a outras áreas da saúde e coloca o Brasil entre os primeiros mercados do mundo em alguns segmentos. Além disso, o mercado odontológico brasileiro, tanto em equipamentos e materiais quanto em higiene bucal, tem potencial de crescer e se aprimorar ainda mais como produtor, exportador e consumidor.
É para este cenário que apontam os dados, as análises e as experiências das entidades que representam o setor: a Associação Brasileira da Indústria de Ar­tigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cos­méticos (Abihpec) e a Associação Brasileira do Comércio de Produtos Odontológicos (ABCPO).
Mas é claro que nem tudo são flores e, para essa força em potencial se tornar real e se manter assim, além de chegar à população de forma mais democrática, muitas e grandes mudanças são necessárias. Para as entidades representativas, são grandes obstáculos para o setor odontológico a alta carga tributária, a complicada e cara burocracia, o baixo acesso dos brasileiros aos serviços e produtos em saúde bucal, por questões econômicas e de educação, e a ainda pequena participação do Estado nas vendas internas, entre outros.
Respondendo por 22% de toda a produção da indústria médico-hospitalar e odontológica, o setor de equipamentos e artigos em Odontologia – formado por 93 empresas brasileiras, 29 a mais do que há 10 anos - tem registrado bons números e, se não crescentes, estão num patamar estável. Segundo a Abimo, o faturamento do setor vem crescendo nos últimos anos, saindo de R$ 728 milhões em 2006, para R$ 973 milhões em 2007 e chegando a R$ 985 milhões no ano passado.
E o grande responsável por este faturamento é o mercado brasileiro. As vendas internas geraram R$ 916 milhões em 2008, sendo 88,3% delas para o setor privado, 10,5% para o público e o 1,2% restante resultado de contratos exclusivos de fornecimento, leasing e outros. Embora a participação do mercado externo ainda tenha uma representação bem menor, a indústria tem se voltado para ele também e os volumes exportados tiveram crescimento, saindo de US$ 71,7 milhões em 2006 para US$ 82,5 milhões em 2008. Na exportação, os produtos que se destacam são mobiliário para consultório, próteses em acrílico, artigos e aparelhos de prótese dentária, brocas, entre outros instrumentos e aparelhos.
Em relação aos produtos para higiene bucal, o Brasil também acumula bons números. A maioria das empresas que fabricam estes itens no País é transnacional, mas mantém expressiva produção aqui, inclusive para exportação. Além disso, o comércio e consumo brasileiros também ajudam a movimentar este mercado mundial, que, segundo a Abihpec, atualmente é de US$ 31 bilhões. O Brasil é o segundo neste mercado, responsável por 9,2% dele, atrás dos EUA (16,2%) e na frente da China (7,4%). E essa boa posição foi sendo melhorada nos últimos anos: em 2005 o País era o quarto mercado, em 2006, o terceiro, e em 2007 já ocupava o segundo lugar.
Dois produtos podem ser destacados neste mercado brasileiro: os enxaguatórios e os cremes dentais. O primeiro, mesmo com o consumo concentrado em poucos países, cresceu muito nos últimos anos, mas foi no Brasil em que alcançou sua maior evolução e hoje está na segunda posição no mercado mundial de enxaguatórios, que é de US$ 3,5 bilhões. Em relação aos cremes dentais, detém o terceiro lugar, com 7,4% de um mercado de US$ 17,3 bilhões, ficando atrás dos EUA (12,1%) e China (10%).
A boa posição econômica do Brasil em higiene bucal acompanha o desempenho no segmento de higiene pessoal em geral, em que é o terceiro mercado consumidor do mundo, segundo dados da Abihpec. “O crescimento do País neste mercado pode ser atribuído à estabilidade da economia brasileira e à maior inserção das mulheres no mercado de trabalho e no ensino superior, pois elas têm um foco e consciência maiores em higiene, beleza e prevenção”, avalia João Carlos Basílio, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal e Cosméticos.
E, mesmo em tempos de crise, as perspectivas para o mercado em Odontologia no Brasil continuam boas, e um indicativo disso é sua comparação com toda a indústria médico-hospitalar e odontológica de equipamentos e materiais. Enquanto o crescimento médio desta para 2009 é estimado em 8%, o do segmento odontológico, apenas, é de 16%. “A tendência evolutiva das vendas nos indica isso. Este crescimento deve ser impulsionado pela inovação tecnológica dos produtos e pelos resultados obtidos no ano passado”, diz Hely Maes­trello, diretor-executivo da Asso­ciação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo).
Outro indicativo do potencial de crescimento ainda maior em produção e faturamento da indústria odontológica brasileira é que os gastos com importação neste setor também aumentaram, saindo de US$ 26,5 milhões em 2006 para US$ 44,3 milhões no ano passado. Desta forma, ainda há espaço para a indústria nacional crescer no mercado interno, que vem consumindo mais nos últimos anos.
Para a Abihpec, a produção brasileira em produtos de higiene bucal também pode crescer ainda mais, tanto com vendas internas quanto externas. “Em 2008, exportamos US$ 151 milhões. Higiene bucal é o terceiro item mais exportado dentro do segmento todo de higiene pessoal e cosmética. Está bom, mas ainda dá para crescer”, diz Basilio.
A entidade que representa o setor também destaca o consumo interno de escovas de dente, que é de 300 milhões de unidades por ano, número grande, mas que pode ser maior considerando o tamanho da população brasileira. “Assim temos 1,6 escova per capita por ano, que é um número muito baixo. Deveríamos ter quase 1 bilhão de escovas comer­cializadas no País, anualmente”, afirma o presidente da Abihpec. A produção deste produto no País também tem potencial de crescimento, isso porque as escovas dentais da linha premium , de melhor qualidade, ainda não são produzidas no Brasil e a demanda interna é toda importada. “O mercado brasileiro de creme dental também pode crescer e chegar ao dobro” completa o presidente da Abihpec.
Fonte:http://www.abo.org.br/

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