O dia agitado e o corre-corre da vida moderna afetam as crianças que, desde cedo apresentam sintomas de estresse e de outras doenças tipicamente de adulto. Com agenda cheia, elas se dividem entre cursos de informática, aulas de idiomas, academias, esportes e escola. Até mesmo o convívio social é modificado pelas brincadeiras, hoje feitas em computadores e televisões munidas de vídeo games e jogos eletrônicos.Cristiano dos Santos, de 13 anos é uma dessas crianças que têm a rotina intensa. Além da escola, freqüenta um curso de idiomas e divide o tempo com as tarefas de casa e a prática de esportes. Há três anos, entretanto, a dor de cabeça o fez trocar a agenda lotada por visitas constantes a médicos.Cristiano compõe a extensa estatística de crianças que sofrem com distúrbios relacionados à tensão. “As dores de cabeça eram freqüentes, mas foram aumentando a intensidade”, relembra o pai Wildson dos Santos, que procurou um médico quando as ocorrências ficaram muito significativas.Depois de uma longa maratona por diferentes especialidades médicas e até tomar tranqüilizantes, procurou a dentista Simone Carrara, diretora da Sociedade Brasileira de ATM (Articulação Temporomandibular) e Dor Orofacial. Especialista neste tipo de caso, em apenas 15 minutos de entrevista e um simples exame físico, descobriu o problema: a dor na disfunção na Articulação Temporomandibular, que atinge entre 7 e 17% das crianças no país. Com um nome tão complicado, o problema resume-se ao relacionamento inadequado entre os dentes das arcadas inferior e superior. Além da cefaléia, a disfunção causa dores nos ombros e nos ouvidos e estalidos na boca. Segundo a especialista, uma das maiores dificuldades para fazer o diagnóstico é falta de informação. “As pessoas não costumam associar dores de cabeça a problemas odontológicos, e sofrem durante anos”, avalia Carrara. A tensão é o grande aliado da disfunção da ATM. Muitas pessoas descontam as preocupações do dia na boca, rangendo os dentes durante o sono, ato chamado de bruxismo. Conhecido por muitos adultos, a prevalência entre as crianças do bruxismo doloroso já chega a 2,6%. Além das dores, o ranger causa desgaste nos dentes. A dentista Simone Carrara alerta para alterações no comportamento das crianças. “A queda no desempenho escolar, irritabilidade, perda de apetite e depressão são sinais de ATM”, diz. E ressalta o aumento de incidências em casos específicos. “Crianças que jogam video game com freqüência ficam mais agitadas e têm maior probabilidade de desenvolver estes problemas”, explica. O tratamento para a doença é simples. "Sem cirurgia e sem intervenções agressivas é possível eliminar a causa da dor, e se livrar de remédios que não resolvem, apenas aliviam os sintomas", salienta Carrara. Placas de acrílico, intervenção em hábitos e posturas, fisioterapia com laser e ultra-som são algumas soluções propostas. Wildson comemora o êxito do tratamento. “Em apenas 15 dias, o Cristiano já não tinha mais dores”, comemora. “Hoje, após um ano, ele está livre das dores de cabeça que o atormentavam”, diz.Fonte: Profissionais do Texto


















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